11 de maio de 2010

A arte da crônica 3

Bia Albernaz
De tão trivial, a crônica pode se mostrar banal. De tão humana, a pretensão edificante pode se reduzir a elogios convencionais, carregados de palavras abstratas e conceitos enormes. Cuidado sobretudo com os conceitos enormes, como “justiça”, “amor”, “ética”, bons para serem analisados em dissertações, péssimos para os cronistas, sustentados pelas pontas concretas da existência. Contudo, atenção aos relatos factuais que, de tão comprometidos com a “verdade” do acontecimento, podem acabar se tornando relatórios ou monótonas reportagens, como se ao invés de um retrato, capturássemos a vida na formalidade de uma foto 3x4. Todo escritor deve se dar o direito de exagerar, de acrescentar um pouquinho de graça, ao inventar um personagem, ao misturar ficção e realidade, ao ousar desenvolver uns “e se”, “como se”, “quem sabe”.

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