20 de maio de 2010

O canto das estrelas

Barbara Gracie
Sob o véu da noite escura os pássaros calam, as pessoas dormem e os sonhos voam. O mundo faz silêncio para as estrelas cantarem. Entre os pés montanhosos dos gigantes de pedra estão os olhos dos admiradores do espetáculo. As estrelas abrem os olhos dos iludidos que olham para elas.

Quem olha para cima são os que sonham acordados. Perdidos por meros segundos contemplando a beleza do intocável. Podem sentir na pele e nas forças o tempo, mas olhando para cima, mesmo que por um momento, voltarão a ter
brilhos nos olhos e lembrarão, ou esquecerão, do que um dia foram ou deixaram de ser.

Em agradecimento, a Lua, dona desse céu, colhe do alto alegrias e lágrimas, uivos e canções, silêncios e saudades, arte e milagres. É na noite que as princesas escutam suas serenatas, os poetas declamam, as pessoas dançam e amam, sob o brilho lunar.

Fadas e querubins fogem de suas casas para observar as ninfas a brincar. As sereias cantam e penteiam seus cabelos enquanto marinheiros bebem nos cais. Segredos saem para passear, cansados de serem mantidos sob os raios cruéis da estrela do dia. Lembranças rodeiam mortais e imortais, contagiados pelos amantes que iluminam a escuridão.

A noite é acima de tudo dos amantes. Nela os soldados sangram os olhos tentando esquecer seus sonhos engavetados. E nela corações voltam a sorrir ao sentir de novo o toque da paixão proibida. Como num passe de mágica as almas entrelaçam-se sem medo ou pudor, ocultas pela proteção da tênue claridade da escuridão.

Aqueles que procuram a felicidade seguem o caminho das estrelas. Para as estrelas não existe amor proibido. As estrelas abrem os olhos dos desiludidos que olham para elas. As estrelas ensinam a sonhar.

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