15 de novembro de 2011

Coadjuvantes

Deuses (disfarçados) que orientam a ação
Na Odisséia, a ação dos deuses como coadjuvantes da ação heróica do mortal Odisseu é fundamental. Atena, deusa que aprecia a astúcia ou o uso da inteligência na resolução dos problemas, acompanha o herói em toda a sua jornada. Mas também há momentos em que Hermes, deus mensageiro que inspira a comunicação ou a eloquência para um melhor encaminhamento das questões, se torna um coadjuvante (disfarçado) e um salvador de Odisseu.

Como arquiteta do retorno de Odisseu à Ítaca, Atena também aparece para Telêmaco, filho do herói, mas sempre na pele de algum outro personagem, aconselhando-o e ajudando-o, enfim fazendo com que a ação tome um curso. E o modo de agir do personagem com quem ela interage sempre será condizente com aquele que Ela aprova e domina. A passagem abaixo acontece logo no Canto II da Odisséia:

          [Atena] desceu de um salto dos cimos do Olimpo e pousou no país de Ítaca, no vestíbulo de Odisseu, na soleira do pátio; empalmava a lança de bronze, sob a figura de um estrangeiro, mentes, caudilho dos táfios. Deparou ali os arrogantes pretendentes, que se distraíam jogando gamão diante das portas, sentados sobre couros de bois por eles próprios abatidos. Dos arautos e ativos criados, uns misturavam água ao vinho em crateras, enquanto outros, com esburacadas esponjas, limpavam e achegavam as mesas e ainda outros picavam carne abundante. 
          O primeiro a avistá-la foi Telêmaco, de aspecto divino. Sentado entre os pretendentes, via, em imaginação, o nobre pai chegar um dia, desbaratar os pretendentes pelo solar, impor respeito e reinar em sua casa. Enquanto cismava nisso, sentando entre os pretendentes, avistou Atena; caminhou direito ao vestíbulo, indignado, no íntimo, de um forasteiro aguardasse longo tempo à porta. Aproximou-se, apertou-lhe a destra, recebeu sua lança de bronze e disse-lhe aladas palavras: 
          Salve, estrangeiro; sê bem-vindo a esta casa. Quando tiveres provado o nosso jantar, dirás o de que precisas. 
          Assim disse e indicou-lhe o caminho. Palas Atenas segui-o. Uma vez entrados na alta mansão, ele levou a lança e encostou-a numa alta coluna, num bem polido lanceiro, onde se alinhavam muitas outras lanças, do intrépido Odisseu, e levou Atena a sentar numa cadeira, que forrou com linho, bela obra de arte; debaixo havia um escabelo para os pés. Para si colocou ao lado um divã marchetado, a distância do grupo dos pretendentes, para que o forasteiro se deleitasse em vez de se aborrecer com um jantar turbulento na companhia de descomedidos; queria, também, interrogá-lo sobre o pai ausente. 
          [...] 
          Respondendo-lhe, disse Atena, deusa de olhos verde-mar:
          Pois bem, eu te direi isso falando a pura verdade. Prezo-me de ser Mentes, filho do judicioso Anquíalo, e reino sobre os táfios afeitos ao remo. Agora, como vês, aportei aqui com um barco e tripulação, navegando o mar cor de vinho em demanda de povos de línguas estranhas; destine-me a Têmese em busca de cobre e carrego ferro reluzente. Meu barco fundeou junto do campo, longe da cidade, na enseada de Ritro ao pé do selvoso Neio. Prezamo-nos de ser, por nossos pais, mútuos hóspedes de longa data; podes, se queres, ir perguntá-lo ao velho guerreiro Laertes; segundo dizem, já não vem à cidade mas, retirado no campo, sofre provações, acompanhado de velha escrava, que lhe serve comida e bebida, quando se apodera de suas pernas o cansaço de arrastar-se galgando o outeiro de sua quinta vinhateira. Agora aqui estou; deveras, haviam-me dito que teu pai estava no país. Os deuses, porém, negam-lhe o retorno, porquanto o divino Odisseu ainda não morreu em terra; provavelmente ainda vive retido no vasto mar, numa ilha em meio às ondas, guardado por crueis homens selvagens, que talvez o detenham mau grado seu. No entanto, agora te predirei u como inspiram a meu coração os imortais e creio que se realizará, conquanto não seja adivinho nem profundo conhecedor do vôo das aves. Ele não continuará por muito tempo longe da amada pátria, ainda que o prendam cadeias de ferro; descobrirá meios de regressar, visto que é engenhoso. 
          [...] 
          Indignada, volveu-lhe Palas Atena:
          Santos numes! Muita falta de faz o ausente Odisseu, para deitar mãos aos desfaçados pretendentes! [...] Vamos, dá-me ouvidos, atenta em em minhas palavras; convoca amanhã uma assembléia dos guerreiros aqueus e dirige a apalavra a todos, tomando os deuses por testemunhas. Intima os pretendentes a dispersar-se para suas casas e tua mãe, se seu coração pende para o casamento, a ir de volta para o solar de seu mui poderoso pai; lá prepararão as bodas e exporão copiosos presentes de núpcias, quantos devem acompanhar uma filha dileta. Quanto a ti, farei uma sugestão sábia, se me ouvires; arma um barco de vinte remos, o melhor que puderes, e parte a indagar de teu pai há muito ausente; talvez algum mortal te possa falar dele; talvez ouças a voz do oráculo de Zeus, a principal fonte de informação para a humanidade. Vai, primeiro, a Pilos e interroga o divino Nestor e daí a Esparta, a casa do louro Menelau, que foi o último dos aqueus de cotas de bronze a chegar. Se, por ventura, ouvires que teu pai está vivo e regressando, então, por mais que te consumam as mágoas, podes suportar mais um ano; se ouvires, porém, que morreu, que já não vive, então, de volta à querida terra pátria, erigi-lhe uma tumba e faze-lhe oferendas fúnebres copiosas, como ele merece, e dá tua mãe a um marido. Mas depois que levares a ermo esses pios deveres, cogita em tua mente e teu coração como matar os pretendentes em teu solar, quer pela astúcia, quer em luta aberta, Não deves proceder como criança, pois já não estás nessa idade.
***
Abaixo, dois exemplos de um exercício realizado a partir da seguinte proposta:
- folheando o jornal, encontre um personagem pressionado por um evento constrangedor, ou seja, que exija uma tomada de decisão daquele que virá a ser o protagonista de uma história;
- pensando num deus ou num mito, escolha aquele que poderá desempenhar o papel coadjuvante na história, encaminhando de um jeito ou de outro a trajetória do herói;
- derrame sobre ambos o espesso líquido da ficção, transformando-os de modo que a própria narrativa também desempenhe um papel revelador.
***
A Volta de Jonas para Casa
Ruth Lifschits
          A volta de Jonas para casa quando se preparava para comemorar sua aposentadoria com a família foi tumultuada pelos acontecimentos do final do  dia: a chamada urgente para prestar serviço, a constatação dos erros cometidos pelos policiais e o peso de saber que a ele, perito criminal, caberiam as últimas palavras sobre o ocorrido.  
          Ele e seu poder de esclarecer, de pôr o dedo nas feridas, de apontar culpas e culpados. 
          Jonas não queria mais nada disso em sua vida, aquele seria  o dia de sua despedida. Sua aposentadoria já estava para sair no Diário Oficial. Mas fora pinçado para esse  último ato por ser  o único técnico presente  na hora em que o telefone tocou. Naquele exato momento pensava nas comemorações que o aguardavam, enquanto empacotava seus objetos  pessoais e arquivos particulares. Rememorava  fatos e situações marcantes quando, sem refletir, atendeu a chamada.   Arrependimento  imediato. Tentou esquivar-se mas vociferaram argumentos de que precisavam do melhor, do mais experiente e finalmente “ordens superiores”. Azar, lugar errado na hora errada. Baixara a guarda e fora apanhado. Instalou-se a crise. Suas úlceras gritaram e se remoeram. O trabalho seria penoso, havia policiais envolvidos.    Tudo era possível.  
          Ligou para casa. Pediu para segurarem a festa, surgira um imprevisto. Não deu à esposa tempo para reações ou reclamações aviso dado, fone desligado.  Esclareceria tudo mais tarde.
          E encarou a tarefa de periciar um ônibus seqüestrado em plena Av. Presidente Vargas na hora do rush. Bandidos armados renderam o motorista e ameaçaram os  passageiros brandindo uma granada já sem o pino e pronta para explodir. Pânico, caos, confusão. A Polícia Militar cercara o veículo e os bandidos reagiram com mais ameaças. Tiroteio, passageiros feridos, um deles gravemente. Finalmente, a polícia retomou o controle do ônibus. Os bandidos foram presos, os passageiros liberados.
          Mas como começou o tiroteio? Houve ordem para atirar?
          Os passageiros deram declarações de que os assaltantes não atiraram nenhuma vez. Os tiros tinham vindo de fora para dentro.
Jonas sabia disso só de ver as perfurações na lataria do veículo. Os furos revelavam, pelo ângulo e inclinação das bordas no metal da carroceria, que os projéteis tinham sido disparados da rua, perfurando o ônibus de baixo para cima na altura dos assentos. O exame das cápsulas recolhidas no local  e das armas dos militares envolvidos confirmaria o que ele já tinha como certo: a polícia errara ao abrir fogo contra o ônibus.
          O laudo do perito Jonas não seria bem recebido pela corporação. Sempre tentavam encobrir os malfeitos dos policiais.  Estaria ele disposto a enfrentar tudo e todos em sua última performance? Nenhum dado novo iria para sua ficha. Nem elogios e nem deméritos. Mas seu nome e sua capacidade profissional estavam em jogo.
          Retirou-se do local sem declarar nada aos jornalistas de plantão.
          Apesar de já ser bem tarde, a família estava lá pronta para abraços, beijos, cerveja e comida boa. O ambiente era de alegria. Jonas entrou no clima como pôde. Se alguém estranhava seu semblante fechado, alegava cansaço.
          A noite terminou bem, filhos e netos se foram e a mulher o encarou – o que está acontecendo? Você está um caco. E ele contou tudo, como tinha sido chamado para o serviço, o que vira, o que detectara e que seria comprovado pela seqüência pericial. Falou sobre o que temia e o que o perturbava.
          Adriana afastou-se um pouco e ficou calada. Jonas não mais falou. Ele sabia que ela estava processando os dados e que perguntas e mais perguntas viriam logo.
          Mas ela não perguntou nada. Só levantou as sobrancelhas. E ele entendeu.   
            Não trabalho mais lá, mulher. Me aposentei.
          Silêncio. 
          Estou cansado disso tudo. Faço um relatório inconclusivo e passo tudo para o Pestana.  Ele  vai ficar no meu lugar.
          Jonas esperou que ela lhe dissesse alguma coisa mas, passados uns segundos de mais silêncio, concluiu:
          O Pestana é fraco, mas isso não é mais comigo.  
          A mulher, ainda calada e  imóvel, mantinha os olhos fixos no marido.
Jonas até tentou sustentar o olhar dela mas, num suspiro profundo,  baixou os olhos, passou a mão pelos cabelos e se jogou numa cadeira.
          Adriana aproximou-se dele, fez um ligeiro afago em suas costas e o deixou só na sala escura.
          No dia seguinte, Jonas redigiu um laudo minucioso com dados técnicos irrefutáveis. Conversou longamente com o chefe e continuou à frente  do caso, assessorado pelo Pestana.
          Seus projetos de viagens, descanso na casinha de Muriqui e pescarias no quebra-mar com o cunhado foram adiados sine die.

***
 A memória é curta
barto-li
          — Diraer, você se lembra de mim?
          O taxista repetiu a pergunta uma, duas, três vezes. O prefeito da cidade de Bom Porvir, Diraer Azevedo, não ouvia. Ele estava distraído demais, pensando num modo de se safar daquela acusação injusta. Ele havia fretado jatinhos sim, mas por extrema necessidade. Ele era um homem público, por Deus do Céu. 
          — Diraer, você se lembra de mim? 
          “Jatinhos”, a imprensa adora esse diminutivo, o prefeito alisava a lapela de seu terno bege enquanto divagava. O avião era um Phenom 100. Por dever, os jornalistas têm de dar o nome certo às coisas. Um Phenom 100, modelo básico. E agora vinham com essa história dele ter de devolver aos cofres públicos 900 mil reais. Mas o que esses idiotas querem? Que eu enfrente fila, me adapte ao horário de uma companhia? Ah, mas ele iria identificar o delator. Ah, se iria. 
          — Diraer... 
          O prefeito levantou rápido o olhar já irritado com a insistência do taxista. 
          — ... você se lembra? Sou eu, seu primo aquele mesmo que foi seu companheiro de turma no primário. Você colou de mim naquela prova de matemática, se lembra? E a professora pensou que eu é que tinha colado de você. 
          Diraer não se lembrava mas fez um ah e esticou os lábios com um quase-sorriso. Era um político experiente. E voltou aos seus pensamentos. Quando levantou de novo a cabeça, percebeu que haviam perdido a entrada da rua da sua casa. 
          — É trânsito, amigo? 
          O taxista não respondeu. Diraer passou a prestar atenção em seus movimentos. Tentou se lembrar afinal quem era aquele cara. Prova de matemática, essa era boa agora. Putz, primário! Eu só me lembro de quando aprendi que “filho da mãe” era palavrão. Sorriu por dentro ao rever a cena: durante o recreio, ele com seus amigos chamando os otários: ô filho da mãe vem cá. E o idiota ia! Será que este aí foi um deles? 
          — Como é mesmo que você disse que se chama? Você é meu primo mesmo? Ah sim agora estou me lembrando melhor. Você tinha muito jeito com mecânica. Um dia você foi lá em casa e minha mãe deu uma torradeira pra você consertar. Você era bom de conta também. Quando eu ganhei uma calculadora, eu apostava corrida com você pra ver quem fazia a conta mais rápido. Aí você passou a perder. Ah, ah, ah! 
          O taxista estava sério. E permaneceu calado.  
          — Escuta aqui, eu não estou reconhecendo este caminho. Que lugar é este afinal? 
          O taxista freou bruscamente. Voltou-se para trás e disse que era para ele sentar na frente porque queria mostrar um lugar que tinha sido muito importante pros dois. Diraer desculpou-se. 
          — Não sei se você viu nos jornais. Tem uns caras querendo me sacanear. Preciso encontrar meus advogados. 
          — Senta aqui na frente. 
          Diraer receou que o cara fosse ter um ataque. O homem estava suando, a voz tremia. 
          — Você está emocionado, eu vou. 
          Diraer sentou-se e o carro arrancou. 
          — Esse lugar importante fica onde? Parece que a gente tá saindo da cidade. 
          — É em Uruaí, o taxista falou baixo. 
          — O quê?! Cara, você me desculpe mas não vai dar. Vamos marcar um uísque na minha casa um dia desses. Aí a gente passa uma tarde lembrando dos bons tempos. O que você acha? 
          — Eu não tenho bons tempos pra lembrar. 
          — Putz, você é amargo hein? E olha que eu é que estou passando por todas essas dificuldades. Deus sabe o que faz. Me colocou aqui pra mostrar como tem gente que se deixa derrotar por pouca coisa. Meu amigo, a vida é dura mas sempre tem uma saída, e certamente ela não é em Uruaí. Agora, volta logo que eu te pago uma corrida pra Uruaí e uma estadia onde você quiser, o que você acha? 
          O prefeito tentou quase-sorrir mas o taxista abriu o porta-luvas, tirou uma arma lá de dentro e deu uma coronhada em sua testa. O sangue turvou a vista de Diraer. Ele sentiu vontade de chorar. Não tinha ânimo para lutas corporais há muito tempo, mas deu um empurrão no taxista e desviou a direção. O carro bambeou. Um outro passou buzinando forte. O taxista deu mais uma coronhada em Diraer que acordou num terreno baldio perto da mineradora que tinha sido de sua ex-mulher. Reconheceu logo o lugar. Ali, ele tinha tido uma briga e tanto com ela, que o acusou de ladrão. “Seu pai confiou em mim. Eu ergui essa porra de mineradora. Eu enfrentei a economia difícil, enfrentei cobradores, perdi o sono enquanto você ia pro parque com as crianças. Eu sei que não sou ladrão. Eu mereço receber esta grana. Quem encontrou os compradores para a massa quase falida?” No final da transação, Diraer embolsou a comissão e com o dinheiro da venda pagou as dívidas. Mas havia sobrado um pouco e ele deu uma parte para a ex-mulher. Qual o problema? Essa gente não tem visão de negócios. Perdido em pensamentos, só percebeu que o taxista tinha saída do carro e estava em pé ao seu lado quando o cara agarrou a lapela do seu paletó e o puxou pra fora. 
          — Vem cá, seu filho da mãe. 
          Diraer estremeceu. 
          — Tá vendo aquela gangorra ali?
          Diraer nunca tinha prestado atenção naquele arremedo de parque ao lado do terreno. Não, não era ali o parque que sua ex-mulher levava os filhos.
          — Se lembra de você me “deixando de castigo”? 
         — Hum?, — o prefeito olhou o cara e sentiu desprezo, pena daquele homem que vivia do passado e que passado pobre, meu Deus. 
          — É, seu safado, “de castigo”. Você chamou os seus amigos para fazerem peso do seu lado da gangorra que tocou o chão. Eu fiquei no ar e não conseguia descer.
          — Puxa, você é um cara muito rancoroso.
          — Vamos lá, o taxista era bem grande e com um empurrão fez Diraer avançar em direção à gangorra.
          — Cara, quanto você quer pra parar com isso? Agora estou falando sério.
          — Você não presta, seu filho da mãe.
          — Agora para de me chamar assim.
          — Por que? Você é bem filho daquela puta.
          Diraer não agüentou e pulou no pescoço do taxista. Os dois rolaram no chão. O taxista ainda estava armado e atirou na perna de Diraer que caiu, o sangue saindo do buraco da perna, passando pelo terno bege e caindo na areia cascalhenta do lugar.
          — Vou te deixar aqui pra ver se assim você pensa um pouco, seu escroto.
          O taxista se afastou. Teria sido o vento que lhe fez recordar da cena? Ou a bunda gorda do taxista que se afastava balançando dentro da calça frouxa?
          — No lugar onde eu te comi, né?, Diraer gritou.
          O taxista voltou-se, correu em direção ao prefeito e deu um chute em sua barriga.



          — Doutor Diraer, doutor Diraer. Graças a Deus que encontramos o senhor vivo. A imprensa já estava achando que o senhor tinha fugido. Foram vinte e quatro horas de muita tensão. Mas graças a Deus, graças a Deus.
          Diraer não conseguia falar e mal ouvia as palavras de seu secretário. Não sentia sua perna mas ainda pôde quase-sorrir pensando nas manchetes dos jornais do dia seguinte. Ele agora sabia, tinha certeza, aquela bala na perna, o sangue vermelho no terno bege, seriam a sua salvação.

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