19 de dezembro de 2011

Em bons lençóis

A cama da vovó
Renata Figueiredo
          Dormir na casa da minha avó sempre foi muito prazeroso. Adorava quando meus pais saíam ou viajavam e me diziam que tinha que dormir ou passar o fim de semana na casa dela. Estar em sua companhia era sempre um novo ensinamento. Aprender a fazer uma cama foi uma das muitas coisas que aprendi com ela. A hora de dormir é um momento nobre, dizia. A hora em que vamos descansar de nosso dia. E a cama é o lugar onde vamos sonhar. Tínhamos então que prepara-la como uma cama de princesa, de rainha, para podermos enfrentar bem o dia seguinte. Primeiro lençóis limpos, cheirosos e bonitos. Segundo, esticá-los bem sobre o colchão. Para finalizar, com uma raquete de ping-pong, fazê-los entrar bem nas beiradas da cama, evitando assim que eles saiam com nossos movimentos quando dormimos. Ela sabia o quanto eu era agitada e me mexia durante a noite. Adorava ver todo esse ritual, e dormia realmente como uma princesa toda vez que dormia com a vovó. Ainda mais quando ao deitar ela vinha com todo amor e carinho me cobrir e me dar um beijo de boa noite, dizendo: temos que dormir cobertas. Dormir sem se cobrir não é a mesma coisa, não descansa. Como não ter uma boa noite assim?!
***
Hábito Antigo 
Arlette Santos
          Não sei por que, cedo adquiri o hábito de arrumar minha cama logo que me levanto. Quando criança, morei em Petrópolis, na região serrana do estado. Por ser uma cidade fria e úmida, deixavam-se as cobertas expostas ao sol para arejar, e só mais tarde faziam-se as arrumações.
          A meu ver, existem dois momentos na preparação de uma cama ao longo do dia: ao acordar – dispondo-a para o longo período em que não será utilizada, e antes de deitar – quando o ninho é feito para o período de repouso.
          Ao me levantar, ajeito o lençol de forrar e coloco o de cobrir à noite com a parte superior dobrada, pronta para dormir. A seguir, cubro com uma colcha ou acolchoado que dê ao quarto uma boa aparência. Por fim, coloco um travesseiro da largura da cama, com fronha que combine com a colcha.
          À noite, tudo fica mais simples: basta retirar a colcha e o travesseiro, substituindo-o pelo que uso para dormir – mais macio e feito de penas de ganso. Caso haja necessidade, acrescento uma colcha ou edredon. E antes de me deitar, já arrumo a colcha e o travesseiro que não serão usados à noite de forma a facilitar o trabalho da manhã. 
          Preocupo-me sobretudo com o conforto e a praticidade. Uma amiga fisioterapeuta me indicou o colchão de futton, que não enruga o lençol e facilita a arrumação. E – principalmente quando se vive só – uma colcha atenua a falta de outras coisas...

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